Estamos conscientes que para além do exercício da nossa profissão como professoras, a nossa presença tem duplo efeito, pois, ainda estamos longe de ver questões do género serem ultrapassadas, trabalhamos num ambiente maioritariamente masculino e podemos sentir isso diariamente, quer através dos nossos alunos, quer através dos professores, podemos dizer que na nossa província e no nosso país ainda a um longo caminho a percorrer para igualdade de género.
Como professoras de grupos, abordamos de forma transversal a questão do género isso é orientando os nossos alunos e alunas quer nos trabalhos escolares e extraescolares, como na realização de acções directamente dirigidas as raparigas, considerando as orientações do programa da escola.
Sentimos que muitas alunas nossas não têm informação suficiente para tomar boas decisões sobre saúde sexual e reprodutiva. Por isso temos abordado diferentes temas como: sexualidade, cultura e género, namoro, menstruação, período fértil e sexo seguro, autoestima, ITS, uso e consumo de drogas nas mulheres entre outros. Além dos temas abordados apoiamos os nossos alunos na distribuição de tarefas que era antes tarefas tipicamente femininas. Hoje é possível ver os nossos estudantes do sexo masculino realizarem as mesmas, bem como raparigas a realizarem tarefas tipicamente masculinas.
A nossa presença e postura no trabalho diário na escola também tem contribuído muito, sabemos que o nosso trabalho tem levado a discussão sobre género fora do portão da nossa escola, quer nas nossas escolas praticas, quer nas escolas primarias da nossa província através dos nossos estagiários. Para nós é muito importante levar e abordar a questão do género em todas as escolas, sobretudo que debate continue nas comunidades porque pensamos nós que é muito
Professoras Mbunda Natalia Chiamba e Domingas Kapolina da Escola de Magistério da ADPP, Benguela Angola.
Eu sou a Emília Siyovoca Moco tenho 33 anos, nasci no Bairro do Kasseque no município de Benguela, sou a segunda filha dos 13 irmãos, fiz minha formação profissional no nível medio na actual escola de Magistério da ADPP Benguela anteriormente designa Escola de Professores do Futuro Benguela.
Quando terminei o III Nível no Liceu, parei de estudar porque não consegui vaga em nenhuma escola, no município de Benguela para frequentar 10ª classe, este período da minha vida foi particularmente difícil para mim. Neste ano como não conseguido uma vaga, decidi procurar um emprego, falei com minha amiga e consegui um emprego como doméstica, onde trabalhei por 9 meses, com o pouco que eu conseguia ajudava cobrir as despesas de alimentação da minha família. No ano seguinte sempre com desejo de conseguir uma vaga, ouvi falar da ADPP. No dia seguinte como queria mesmo muito estudar resolvi procurar a escola, percorri cerca de 10 km a pé até chegar a mesma, posta na escola recebi panfleto com as informações necessária sobre a formação de professores. Fui para casa e contei ao meu pai sobre a formação, como meu pai como sempre apoiou a minha formação, assim não foi difícil convencer ele da decisão e frequentei a 9ª classe na altura era considerada salas anexas, depois de concluir a 10ª classe tive acesso a formação de professores. Eu a muito queria ser professora por isso realizar este desejo para mim foi uma vitoria.
No último ano (estágio) a direcção da Escola de Professores do Futuro Benguela, fruto do meu comportamento, fez proposta para fazer o estágio curricular na dentro da mesma EPF. Onde fiz o estágio com sucessos, e terminei no mesmo ano participei no concurso público em Benguela, consegui vaga e comecei a trabalhar como professora rural no município do Bocoio, na comuna do Monte Belo e aldeia do Balambi onde fui colocada. Dois anos e meio depois recebi a uma visita da
direcção da EPF Benguela elogiaram o trabalho que eu estava fazer como professora primária, propondo uma posição na EPF Benguela como Professora nuclear e Viajante, aceitei o desafio e fui transferida para o Município de Benguela diretamente para actualmente Magistério da ADPP. Onde trabalhei como Professora durante 4 anos viajei de autocarro com estudantes para os países vizinhos: Namíbia, Zâmbia, Tanzânia, Zimbabwe, Botsuana. E depois recebi a proposta da ADPP para assumir a direcção da Escola Polivalente e Profissional de Benguela onde trabalho actualmente.
Minha vida profissional foi amplamente influenciada por muitas mulheres na ADPP, Angola todas elas em diversas áreas e posições, elas certamente são a minha base para ser a mulher forte e determinada que me transformei, as dificuldades ajudaram - me a encarar a vida numa perspetiva diferente é por isso sou uma mulher que levanta outras mulheres pois precisamos uma de outras para construir um pais melhor e uma mundo melhor, onde mulheres e homens caminham juntos.
Eu, Adelaide Pedro Armando Fernandes, sou estudante da Escola Polivalente e Profissional da ADPP Zango desde 2018. Estou no Curso de Assistente de Energia, um curso com pouca aderência de estudantes do género feminino.
Confesso que no princípio foi difícil me adaptar como estudante do Curso de Assistente de Energia, mais quando transitei para 8ªClasse, em 2019 comecei a despertar gosto nas actividades práticas que fui aprendendo ao longo das caminhadas. Hoje, eu já faço instalações internas e externas, sei resolver um corte circuito, graças ao apoio que recebo da escola. Hoje sou uma estudante finalista da 9ªClasse. Me sinto segura a dar continuidade do curso de eletricidade do ensino médio até ao ensino superior.
Projecto Fogareiros Melhorados, depois do surgimento da pandemia que está abalar o mundo todo, é bem verdade que as escolas ficaram paradas cerca de seis meses sem funcionar por causa das medidas de contenção do Covid-19. Quando recomeçamos o ano lectivo no mês de Outubro, encontramos um projecto de soldadura na escola. O Professor Oliveira e o Director Wanda introduziram o Projecto Fogareiros Melhorados dentro do sistema de ensino da Escola Polivalente e Profissional, para dar suporte a disciplina de Serralharia, onde eu pessoalmente aceitei levar outro desafio no meu processo de ensino e aprendizagem. 32 colegas do meu colectivo e minha turma, todos eles do género masculino iniciaram com fogareiros melhorados. Eu não aderi no início embora tendo dentro do programa curricular a disciplina de serralharia. Por causa do medo da rebarbadeira, das fagulhas e com medo de se queimar.
Com apoio dos professores comecei a frequentar as aulas teóricas e práticas. No meu primeiro dia, esteve a praticar como trabalhar com a rebarbadeira, eu quase deitava no chão porque aquilo estava a me faz tremer todo corpo e tinha muito medo de me cortar! Através das aulas persistentes e forte apoio dia pós dia, o medo foi acabando e hoje eu realizo cortes em vários tubos e chapas sem medo de me cortar, porque durante as aulas teóricas nós aprendemos técnicas de evitar acidente e sobre segurança no trabalho.
Quanto ao processo de soldadura, também o desafio foi maior, não sabia soldar. Eu tinha muito medo das faíscas da soldadura, graças ao Projecto Fogareiro Melhorados, eu hoje consigo soldar, embora o processo da soldadura requer mais paciência e bastante tempo para atingir o nível estável no que toca a qualidade de soldadura.
Por tanto, hoje eu Adelaide Fernandes, consigo realizar cortes e soldar graças o apoio moral que recebo todos os dias por parte da direcção da ADPP EPP Zango e a ideia é de aperfeiçoar mais e tornar-me uma profissional para servir na minha província.
O carvão é um combustível popular e conveniente para cozinhar nas zonas urbanas e periurbanas, onde há pouco acesso à electricidade e onde não é viável recolher lenha. O carvão produz menos fumaça e compostos orgânicos voláteis quando queimado em comparação com a lenha, e é uma fonte de renda para as pessoas nas áreas rurais. O carvão possui alto valor energético por peso, mas os processos de produção tradicionais são ineficientes e exigem grandes quantidades de madeira, que resultam na desflorestação a menos que se combina com replantação. Os fogareiros a carvão são geralmente simples, ineficientes e frequentemente perigosos se usados em espaços fechados, quando a combustão incompleta liberta monóxido de carbono.
Soluções que abordam ambos os problemas estão a ser trabalhadas pela ADPP Ngola e parceiros. Um projecto de Promoção de Fogareiros Eficientes não está apenas atender às necessidades de fogareiros mais duráveis, eficientes e seguros, mas também oferece oportunidades de aprendizagem aos estudantes das Escolas Polivalentes e Profissionais, bem como oportunidades de geração de renda para os fabricantes locais. Os estudantes nas Escolas Polivalentes e Profissionais nos Ramiros, Viana (Zango), Caxito e Huambo aprenderam a fazer fogareiros, desenvolvido em colaboração com a Universidade de Córdoba e a Universidade José Eduardo dos Santos ao usarem material de origem local.
Os resultados são impressionantes. Em Fevereiro de 2021, os estudantes produziram 216 fogareiros. Demora três a quatro dias para fazer um fogareiro, com os estudantes a trabalharem trios e a respeitarem todas as medidas de prevenção da Covid – 19. Primeiro, eles adquirem proficiência em corte e soldadura ao trabalharem com metais simples de baixo custo antes de iniciarem a produção com chapas galvanizadas.
Até ao momento, 225 estudantes participaram no projecto. A Escola Polivalente e Profissional – Viana (Zango) estabeleceu um processo de fabricação quase industrial, que dividiu os estudantes em turmas nos períodos da manhã e tarde, nas quais diferentes microgrupos trabalharam no desenho e corte de metais, moldura do corpo cilindro do fogareiro, feitura da câmara de combustão, soldadura de novos fogareiros, acabamento de fogareiros e fabricação de alavanca e suporte de madeira. Todos os estudantes participantes aprendem sobre os antecedentes do projecto ao estudarem o aquecimento global, mudanças climáticas e desflorestação.
107 produtores locais de fogareiros estão a beneficiar-se. Alguns deles são antigos estudantes, enquanto os restantes são ferreiros com as suas próprias oficinas. Eles participam de sessões teóricas sobre o ambiente e sessões práticas nas sextas-feiras de tarde e aos sábados de manhã.
A promoção de fogareiros eficientes está a produzir resultados, à medida que os potenciais compradores valorizam a poupança que podem fazer.
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O projecto "Promoção de fogões eficientes de carvão e aproveitamento de resíduos de carvão através de briquetagem" está a ser implementado nas Escolas Politécnicas da ADPP e as comunidades envolventes no Bengo, Luanda (Viana e Ramiro) e Huambo. O projeto piloto está sendo implementado no período de novembro de 2019 a outubro de 2021 em colaboração com o Ministério da Cultura, Turismo e Meio Ambiente, PNUD e GEF.

Tive a oportunidade de fazer o meu estágio profissional na empresa Moto-Engil onde fui colocado na área de serralharia. Eu aprendi muito. Foi uma boa formação.
Meu nome é Hipólito. Estudei três anos na Escola Polivalente e Profissional Cabinda, 7ª, 8ª e 9ª classe. Na 7ª classe fiquei um pouco confuso sobre toda a profissão, sobre o que eu deveria aprender e as diferentes disciplinas, mas gostei muito da viagem de sobrevivência e dos professores que ensinaram bem. Tive problemas com a disciplina de Língua português que acabei por aprovar para 8ª classe. Das profissões, gostei muito de serralheria e do tutor da profissão. Fizemos muito trabalho. Além disso, aprendi muito sobre canalização.
Na 9ª classe, tive a oportunidade de fazer o meu estágio profissional na Moto-Engil onde fui colocado na área de serralharia. Eu aprendi muito. Foi uma boa formação.
Agora terminei os três anos. Vou continuar a estudar no Instituto Pré-Universitário “PUNIV”, mas também vou trabalhar numa oficina na cidade de Cabinda. Eu já tenho um lugar. Meu futuro é trabalhar e estudar.
Terminei a minha formação na Escola Polivalente e Profissional de Cabinda.
Hipólito Lembe Chivulo, de 17 anos de idade.