Artigo Jornal de Angola, 04.12.2022
por Pedro Bica 

Um total de oito mil mangais foram plantados, ontem, no Distrito Urbano dos Ramiros, em Luanda, em alusão ao Dia Internacional das Pescas. O acto foi orientado pela ministra das Pescas e Recursos Marinhos, Carmem Sacramento Neto.

Skærmbillede 2022 12 16 kl. 15.43.58

Carmem Sacramento Neto disse que o acto serviu para garantir a protecção do ecossistema nacional
© Fotografia por: Albano Pedro| Edições Novembro

O projecto, iniciativa da associação Otchiva, visa proteger e conservar espécies de plantas naturais e tropicais, localizadas em áreas costeiras.

"Com essa acção, queremos transmitir que estamos preocupados com os ecossistemas e com a sua manutenção, para que sejam saudáveis. Hoje plantámos quatro caixas de mangais, cerca de um hectare, meta estabelecida para esta zona dos Ramiros”, disse Carmem Neto.

A ministra acrescentou que o Executivo está a dar suporte ao projecto da ONG Otchiva, com apoio da Ajuda de Desenvolvimento de Povo para Povo (ADPP), que se responsabiliza pelos viveiros, do Ministério do Ambiente e do Governo Provincial de Luanda.

De acordo com a governante, a intenção do Executivo é fazer, igualmente,  reflorestação nas províncias do Soyo, Nzeto e Cabinda, por serem zonas cuja incidência de mangais é maior.

Acrescentou que plantar mais mangais ajuda na preservação da orla marítima, bem como comunidades que têm a orla costeira como fonte de subsistência, como é o caso dos pescadores.

A ministra das Pescas aproveitou a ocasião para convidar a sociedade a se juntar ao projecto.

A responsável da associação Otchiva, Fernanda Renée, que tem como finalidade a protecção, conservação e restauração dos ecossistemas de mangais, afirmou que a maior preocupação tem sido as construções erguidas na costa marítima.

"Os mangais estão a ser pressionados pela poluição, construções de infra-estruturas, como casas, hotéis e risortes na orla costeira", avançou, acrescentando que o grupo Otchiva apela ao Governo a não ceder terrenos nestes ecossistemas.

A membro fundadora da Otchiva afirmou que Angola já tem aproximadamente plantados dois milhões de mangais por toda a orla marítima.

"Temos mangais em toda a orla costeira, desde Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda e Benguela. Os mangais estão a ser destruídos e a Otchiva tem estado a trabalhar na sensibilização de todos em prol deste bem comum”.

Os mangais são berçários da vida marítima, onde habitam muitas espécies como peixe, crustáceos, moluscos. É o habitat de várias aves migratórias como os flamingos, pelicanos e são zonas de subsistência das comunidades, os pescadores usam as zonas na exploração de recursos marinhos.

Fernanda Renée alertou que os mangais são importantes na protecção da orla costeira, evitando inundações, erosões e as suas florestas absorvem mais dióxido de carbono.

O vice-governador da província de Luanda, Gilson Carmelino, afirmou que o Governo Provincial (GPL) apoia toda a actividade relacionada à protecção dos mangais e do ecossistema. "Vamos continuar a trabalhar para evitar que se degrade toda a actividade e acção ligada aos mangais”.

"Há um trabalho a ser desenvolvido pelo GPL para regular a construção em zonas costeiras, onde existem mangais. Através das administrações e distritos, o Governo da província tem estado a trabalhar no sentido de fiscalizar, que não haja emissões de licenças para a construção de edifícios ou habitações em zonas de protecção dos mangais”, garantiu o dirigente.

Dois milhões já plantados

 A coordenadora do projecto de reflorestação dos Mangais, Fernanda Renée revelou, ontem, que desde 2016 Angola conta actualmente com um total de 2 milhões de Mangais já plantados, em toda a zona costeira do território nacional.

A Península do Mussulo em Luanda, disse, usa os mangais com vários objectivos, desde o uso deste ecossistema para a pesca do peixe, apanha de crustáceos, e moluscos. "A construção de salinas e a exploração de sal é feita de forma desordenada e a sua extensão tem pressionado os ecossistemas de mangais”, explicou.

Várias espécies, zona de subsistência das comunidades, com grandes funções ao longo da orla costeira cujas florestas sequestram e armazenam mais dióxido do que qualquer outra floresta.

A destruição deste ecossistema, revelou, resulta no desaparecimento e na extinção de várias espécies, assim como no aparecimento de calemas que provocam as cheias e inundações e as catástrofes ambientais. "A comunidade deve ser educada e sensibilizada sobre a importância dos mangais e o uso sustentável destes ecossistemas marinhos”, aconselhou.

 

Article on Jornal de Angola, 04.12.2022
by Pedro Bica 

Carmem Sacramento Neto said that the act served to guarantee the protection of the national ecosystem 

Eight thousand mangroves planted in Ramiros District

8,000 mangroves were planted yesterday in the Urban District of Ramiros, in Luanda, in connection with International Fisheries Day. The act was chaired by the Minister of Fisheries and Marine Resources, Carmem Sacramento Neto.

The project, an initiative of the Otchiva Association, aims to protect and conserve natural and tropical plant species located in coastal areas.

"With this action, we want to convey that we are concerned about the ecosystems and their maintenance so that they are healthy. Today we planted four boxes of mangroves, about one hectare, which is the target set for this area of Ramiros," said Carmem Neto.

The Minister added that the Executive is supporting the project by the NGO Otchiva, with support from ADPP Angola, which is responsible for the plant nurseries, from the Ministry of the Environment and from the Provincial Government of Luanda. According to the Minister, the Executive also intends to carry out reforestation in the provinces of Soyo, Nzeto and Cabinda, as these are areas with a higher incidence of mangroves.

She added that planting more mangroves helps preserve the coastline, as well as communities that rely on the coastline as a source of livelihood, such as fishermen.

The Minister of Fisheries took the opportunity to invite society to join the project.

Fernanda Renée, head of the Otchiva Association that aims to protect, conserve and restore mangrove ecosystems, said that the biggest concern has been coastal constructions. "The mangroves are under pressure from pollution, and the construction of houses, hotels and resorts on the coastline," adding that the Otchiva group is appealing to the Government not to give away land in these ecosystems.

The founding member of Otchiva said that Angola already has approximately two million mangroves planted along the coastline.

"We have mangroves all along the coastline, from Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda and Benguela. The mangroves are being destroyed and Otchiva has been working to raise everyone's awareness for the benefit of this common good".

The mangroves are nurseries of marine life, where many species such as fish, crustaceans and molluscs live. It is the habitat of several migratory birds such as flamingos and pelicans, and are subsistence resource area for communities. Fishermen exploit marine resources in these areas.

Fernanda Renée advised that the mangroves are important for protecting the coastline, preventing flooding and erosion, and their forests absorb large amounts of carbon dioxide.

The Deputy Governor of Luanda Province, Gilson Carmelino, said that the Provincial Government (PGL) supports all activity related to the protection of mangroves and the ecosystem. "We will continue to work to prevent all activity and actions that are linked to the degradation of the mangroves."

"There is work to be done by PGL to regulate construction in coastal areas where there are mangroves. Through the administrations and districts, the Provincial Government has been working on supervision to ensure that licenses are issued the construction of buildings or dwellings in mangrove protection zones.”

Two million already planted

The coordinator of the mangrove reforestation project, Fernanda Renée revealed yesterday that since 2016 Angola has reached a total of 2 million mangroves already planted, throughout the coastal zone of the national territory.

The Mussulo Peninsula in Luanda, she said, uses the mangroves for various purposes, from the use of this ecosystem for fishing and for collecting crustaceans and molluscs. "The construction of salt flats and the exploitation of salt is carried out in a disorderly manner and its extension has put pressure on the mangrove ecosystems," she explained, “which harbour numerous species, form a subsistence zone for communities living here, and perform an important function along the coastline, whose forests sequester and store more carbon dioxide than any other forest.” 

The destruction of this ecosystem, she revealed, results in the disappearance and extinction of many species, as well as the appearance of ocean swells that provoke flooding and environmental catastrophes. "The community must be educated and made aware about the importance of mangroves and the sustainable use of these marine ecosystems," she advised.

Read the article in Portuguese here:

https://www.jornaldeangola.ao/ao/noticias/plantados-oito-mil-mangais-no-distrito-dos-ramiros/